Estilo
artístico que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo, e que
interessa mais de perto às Artes Aplicadas: arquitetura, artes decorativas,
design, artes gráficas, mobiliário e outras. O termo tem origem na galeria
parisiense L'Art Nouveau, aberta em 1895 pelo comerciante de arte e
colecionador Siegfried Bing. O projeto de redecoração da casa de Bing por
arquitetos e designers modernos é apresentado na Exposição Universal de Paris
de 1900, Art Nouveau Bing, conferindo visibilidade e reconhecimento
internacional ao movimento. A designação modern style, amplamente utilizada na
França, reflete as raízes inglesas do novo estilo ornamental. O movimento
social e estético inglês Arts and Crafts, liderado por William Morris
(1834-1896), está nas origens do art nouveau ao atenuar as fronteiras entre
belas-artes e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, e
pela recuperação do ideal de produção coletiva, segundo o modelo das guildas medievais.
O art nouveau dialoga mais decididamente com a produção industrial em série. Os
novos materiais do mundo moderno são amplamente utilizados (o ferro, o vidro e
o cimento), assim como são valorizadas a lógica e a racionalidade das ciências
e da engenharia. Nesse sentido, o estilo acompanha de perto os rastros da
industrialização e o fortalecimento da burguesia.
O
art nouveau se insere no coração da sociedade moderna, reagindo ao historicismo
da Arte Acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo e expressões líricas dos
românticos, e visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo
acelerado da vida moderna. Mas sua adesão à lógica industrial e à sociedade de
massas se dá pela subversão de certos princípios básicos à produção em série, que
tende aos materiais industrializáveis e ao acabamento menos sofisticado. A
"arte nova" revaloriza a beleza, colocando-a ao alcance de todos,
pela articulação estreita entre arte e indústria.
A
fonte de inspiração primeira dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e
assimétricas das flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano
dos trabalhos, ditando os contornos das formas e o sentido da construção. Os
arabescos e as curvas, complementados pelos tons frios, invadem as ilustrações,
o mundo da moda, as fachadas e os interiores, atestam o balaústre da escada da
Casa Solvay, 1894/1899, em Bruxelas, do arquiteto e projetista belga Victor
Horta (1861-1947); as cerâmicas e os objetos de vidro do artesão e designer
francês Emile Gallé (1846-1904); a fachada do Ateliê Elvira, 1898, em Munique,
do alemão August Endell (1871-1925); os interiores do norte-americano Louis
Comfort Tiffany (1848-1933); as pinturas, os vitrais e painéis do holandês Jan
Toorop (1858-1928); o Castel Beránger e estações de metrô, de Hector Guimard
(1867-1942), em Paris; a Casa Milá, 1905/1910, e o Parque Güell, de Antoni
Gaudí (1852-1926), em Barcelona; a Villa d'Uccle, 1896, do arquiteto e
projetista belga Henry van de Velde (1863-1957). Um traço destacado de Van de Velde
e de outros arquitetos ligados ao movimento é a idéia modernista da unidade dos
projetos, que articula o interno e o externo, a função e a forma, a utilidade e
o ornamento. Tanto na sua residência - a Villa d'Uccle - quanto em outros
ambientes que constrói - The Havana Company Cigar Store ou a Haby Babershop,
1900, ambas em Berlim -, Van de Velde mobiliza pintores, escultores,
decoradores e outros profissionais, que trabalham de modo integrado na
construção dos espaços, da estrutura do edifício aos detalhes do acabamento.
O
art nouveau é um estilo eminentemente internacional, com denominações variadas
nos diferentes países. Na Alemanha, é chamado jugendstil, em referência à revista Die Jugend, 1896; na Itália, stile
liberty; na Espanha, modernista; na Áustria, sezessionstil. Os três maiores
expoentes austríacos do art nouveau, integrantes da Secessão vienense, são o
pintor Gustav Klimt (1862-1918), o arquiteto Joseph Olbrich (1867-1908) -
responsável, entre outros, pelo Palácio da Secessão, 1898, em Viena - e o
arquiteto e designer Josef Hoffmann (1870-1956), autor dos átrios da Casa
Moser, 1901/1903, da Casa Koller, 1902, e do Palácio da Secessão. Os trabalhos
de Klimt são emblemáticos do modo como a pintura se associa diretamente à
decoração e à ilustração no art nouveau. Suas figuras femininas, de tom
alegórico e forte sensualidade - por exemplo, o retrato de corpo inteiro de
Emilie Flöge, 1902, Judite I, 1901, e As Três Idades da Mulher, 1908 -, têm
grande impacto em pintores vienenses como Oskar Kokoschka (1886-1980) e Egon
Schiele (1890-1918).
Ainda
no terreno da pintura, é possível lembrar o nome do suíço Ferdinand Hodler
(1853-1918) e suas obras de expressão simbolismo como O Desapontado, 1890; os
pintores integrantes do grupo belga Les Vingt (Les XX) - James Ensor
(1860-1949), Toorop e Van de Velde -; e o inglês Aubrey Vincent Beardsley
(1872-1898), ilustrador, entre outros, da versão inglesa de Salomé, de Oscar
Wilde (1854-1900).
No
Brasil, observam-se leituras e apropriações de aspectos do estilo art nouveau
na arquitetura e na pintura decorativa. Em sintonia com o boom da borracha,
1850/1910, as cidades de Belém e Manaus assistem à incorporação de elementos do
art nouveau, seja na residência de Antonio Faciola (decorada com peças de Gallé
e outros artesãos franceses) seja naquela construída por Victor Maria da Silva,
ambas em Belém. Menos que um art nouveau típico, o estilo na região encontra-se
mesclado às representações da natureza e do homem amazônicos, e aos grafismos
da arte marajoara, como indicam as peças decorativas de Theodoro Braga
(1872-1953) e os trabalhos do português Correia Dias (1892-1935). A casa de
Braga em São Paulo, 1937, exemplifica as confluências entre o art nouveau e os
motivos marajoaras.
A
Vila Penteado, prédio atualmente pertencente à Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) -, na rua Maranhão, é
considerada um dos mais representativos exemplares de art nouveau em São Paulo.
Projetada pelo arquiteto Carlos Ekman (1866-1940), em 1902, a residência segue
o padrão menos rebuscado do estilo sezession austríaco. Na fachada externa,
nota-se o discreto emprego de arabescos e formas florais. No monumental hall de
entrada, pinturas de Carlos de Servi (1871-1947), Oscar Pereira da Silva
(1867-1939) e ornamentação de Paciulli. Victor Dubugras (1868-1933) é outro
arquiteto notável pelas construções art nouveau que projeta na cidade, por
exemplo, a casa da rua Marquês de Itu, número 80, ou a residência do doutor
Horácio Sabino na avenida Paulista esquina com a rua Augusta, ou ainda a
estação de ferro de Mairinque, São Paulo, 1906.
No
modernismo de 1922, os nomes dos artistas decoradores John Graz (1891-1980) e
dos irmãos Regina Graz (1897-1973) e Antonio Gomide (1895-1967), todos alunos
de Ferdinand Hodler, evidenciam influências do art nouveau no Brasil. No campo
das artes gráficas, alguns trabalhos de Di Cavalcanti (1897-1976) - Projeto
para Cartaz (Carnaval), s.d. e de J. Carlos (1884-1950) - por exemplo, as
aquarelas Um Suicídio, 1914, e Garota na Onda, s.d. - se beneficiam do
vocabulário formal da "arte nova".
Fonte de pesquisa:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo909/art-nouveau
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