Pular para o conteúdo principal

Introdução ao Cubismo

Imagem representativa do artigo
(Adalgisa e o Artista , 1930 , Ismael Nery) 

Movimento artístico cuja origem remonta à Paris e a 1907, ano do célebre quadro de Pablo Picasso, Les Demoiselles d'Avignon. Considerado um divisor de águas na história da arte ocidental, o cubismo recusa a idéia de arte como imitação da natureza, afastando noções como perspectiva e modelagem, assim como qualquer tipo de efeito ilusório. "Não se imita aquilo que se quer criar", diz Georges Braque, outro expoente do movimento. A realidade plástica anunciada nas composições de Braque leva o crítico Louis Vauxcelles a falar em realidade construída com "cubos", no jornal Gil Blas, 1908, o que batiza a nova corrente. Cubos, volumes e planos geométricos entrecortados reconstroem formas que se apresentam, simultaneamente, em vários ângulos nas telas. O espaço do quadro - plano sobre o qual a realidade é recriada - rejeita distinções entre forma e fundo ou qualquer noção de profundidade. Nele, corpos, paisagens e, sobretudo, objetos como garrafas, instrumentos musicais e frutas têm sua estrutura cuidadosamente investigada nos trabalhos de Braque e Picasso, tão afinados em termos de projeto plástico que não é fácil distinguir as telas de um e de outro. Mesmo assim, nota-se uma ênfase de Braque nos elementos cromáticos e, de Picasso, em aspectos plásticos.

A ruptura empreendida pelo cubismo encontra suas fontes primeiras na obra de Paul Cézanne - e em sua forma de construção de espaços por meio de volumes e da decomposição de planos - e também na arte africana, máscaras, fotografias e objetos. Alguns críticos chamam atenção para o débito do movimento em relação a Henri Rousseau, um dos primeiros a subverter as técnicas tradicionais de representação: perspectiva, relevo e relações tonais.

O cubismo se divide em duas grandes fases. Até 1912, no chamado cubismo analítico, observa-se uma preocupação predominante com as pesquisas estruturais, por meio da decomposição dos objetos e do estilhaçamento dos planos, e forte tendência ao monocromatismo. Entre 1912 e 1913, as cores se acentuam e a ênfase dos experimentos é colocada sobre a recomposição dos objetos. No momento do cubismo sintético, elementos heterogêneos - recortes de jornais, pedaços madeira, cartas de baralho, caracteres tipográficos, entre outros - são agregados à superfície das telas, dando origem às famosas colagens, amplamente utilizadas a partir de então. O nome do espanhol Juan Gris liga-se a essa última fase e o uso do papel-colado torna-se parte fundamental de seu método. Outros pintores como Fernand Léger, Robert Delaunay, Sonia Delaunay-Terk, Albert Gleizes, Jean Metzinger, Roger de la Fresnaye se associam ao movimento.

Imagem relacionada
(Velazquez - Menina Cubista)

Na escultura, por sua vez, a pauta cubista marca as obras de Alexander Archipenko, Pablo Gargallo, Raymond Duchamp-Villon, Jacques Lipchitz, Constantin Brancusi, entre outros. O ano de 1914 remete ao fim da colaboração entre Picasso e Braque e à uma atenuação das inovações cubistas, embora os procedimentos introduzidos pelo movimento estejam na base de experimentos posteriores como os do futurismo, construtivismo, purismo e vorticismo. Desdobramentos do léxico cubista alcançam não apenas as artes visuais, mas também a poesia, com Guillaume Apollinaire, e a música, nas criações de Stravinsky.


O cubismo pode ser considerado uma das principais fontes da arte abstrata e suas pesquisas encontram adeptos no mundo todo. No Brasil, influências do cubismo podem ser observadas em parte dos artistas reunidos no modernismo de 1922, em alguns trabalhos de Vicente do Rego Monteiro, Antonio Gomide e sobretudo na obra de Tarsila do Amaral. O aprendizado com André Lhote, Gleizes e, principalmente, com Léger reverbera nas tendências construtivas da obra de Tarsila, em especial na fase pau-brasil. A pintora vai encontrar em Léger, especialmente em suas "paisagens animadas", motivos ligados ao espaço da vida moderna - máquinas, engrenagens, operários das fábricas etc. - e o aprendizado de formas curvilíneas. Emblemáticas do contato com o mestre francês são as telas criadas em 1924, como Estrada de Ferro Central do Brasil e Carnaval em Madureira. Não se pode mencionar o impacto do cubismo no Brasil sem lembrar ainda de parte das produções de Clóvis Graciano e de um segmento considerável da obra de Candido Portinari, evidente em termos de inspiração picassiana.

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3781/cubismo




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Características principais do Cubismo

No cubismo, as formas da natureza eram representadas por meio de figuras geométricas que representam as partes de um objeto no mesmo plano. Sem nenhum compromisso com a aparência real das coisas, o Cubismo visava promover a decomposição, a fragmentação e a geometrização das formas. Na literatura, a linguagem era usada para retratar as palavras de forma simultânea, buscando formar uma imagem. Geometrização das formas e volumes; Renúncia à perspectiva O claro-escuro perde sua função; Representação do volume colorido sobre superfícies planas; Sensação de pintura escultórica; Cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave. Cores fechadas. http://www.estudopratico.com.br/cubismo-caracteristicas-fases-e-o-movimento-no-brasil/

Fases do Cubismo

Enquanto o movimento cubista se desenvolvia, sofreu várias alterações, sendo principalmente marcado pelas seguintes: 1. O cubismo primitivo ou cézanniano (entre os anos de 1907 e 1909): é a fase que dá início ao Cubismo. Período marcado pela forte presença das obras de Paul Cézanne. As primeiras pinturas cubistas foram descritas pela restrição às formas geométricas.  (Georges Braques - Case a L'Estaque) 2. O cubismo analítico (entre os anos de 1910 e 1912): fase marcada pela união dos trabalhos criados separadamente por Picasso e Braque. Demonstra uma decomposição de objetos que estão representados no cotidiano. È uma combinação de pedaços de peças, vistos de várias maneiras com perspectivas diferentes.   (Cabeza de mujer, 1909) 3. O cubismo Sintético (entre os anos de 1913 e 1914): este tipo de cubismo era composto por colagens de vários papéis com diferentes texturas e padrões, as cores tornaram-se muito mais vivas. O espaço e volume são inspirados com

Curiosidades sobre o Cubismo

O cubismo por meio de suas colagens introduziu letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artista de criar novos efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no espectador as sensações tácteis. Assim contrastavam intencionalmente áreas de cores lisas e rugosas, ásperas e com relevos, para efeitos de tactilidade. Tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, representando todas as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas. (Manzanas y naranjas, 1899 - Paul Cezanné) Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar o